Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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15 de novembro de 2008

Avareza é Pecado!

A indústria dos jogos eletrônicos chegou a um ponto em que seu faturamento ultrapassa o faturamento COMBINADO do cinema, dos quadrinhos, do teatro, da televisão e qualquer outra manifestação cultural. Com tanto dinheiro circulando pelos corredores das desenvolvedoras e produtoras, era de se imaginar que o setor estivesse tomado por um otimismo irrefreável. Na verdade, o que se percebe, aqui e ali, são sinais de uma ganância sem sentido.

Não se trata apenas da perseguição ao lucro perdido com a pirataria a qualquer custo. Até certo ponto, a indústria tem todo o direito de se defender contra práticas ilegais. Entretanto, talvez percebendo que esta guerra está longe de ser vencida, os grandes barões dos jogos decidiram correr atrás de mais alguns trocados do consumidor.

Alugar Agora é Crime

ProcuradoTalvez o jogador comum não saiba (eu não sabia!), mas, assim como o mercado de DVDs, existem jogos disponíveis para compra e jogos disponíveis para locação. Uma locadora de jogos deve sempre comprar a versão para alugar, que é bem mais cara, mas dá direito ao lojista de alugar o jogo quantas vezes quiser. Entretanto, muitos lojistas compram a versão de venda mesmo (aquela que nós consumidores também compramos) e colocam na prateleira para alugar.

Eu  não estou falando de Brasil, "povo mutreteiro", "esse país é fogo". Guarde seus preconceitos. Eles fazem isso na Holanda também.

E o governo da Holanda reagiu, atendendo a uma reclamação de uma associação que representa a indústria dos jogos eletrônicos. Estas locações estariam prejudicando a venda dos jogos. Ao invés de fiscalizar as lojas e identificar aquelas que estariam alugando versões baratas de seus títulos, o governo chegou à brilhante conclusão que daria menos trabalho simplesmente proibir a locação de jogos.

A partir de primeiro de Dezembro, não será mais possível alugar jogos na Holanda. A menos que os lojistas adquiram uma (muito cara) licença para locação de cada produtora. Uma das mais populares cadeias de aluguel de jogos da Holanda já ameaça fechar as portas.

Saldão de Desconto Vai se Tornar Crime

Existem dois tipos de público para jogos eletrônicos: os que tem bala na agulha, um computador atualizado e compram os mais badalados lançamentos no dia em que chegam à prateleira e aqueles que não tem bala na agulha, um computador velho e sonham com o dia em que conseguirão jogar os grandes sucessos. O primeiro tipo de comprador é a menina dos olhos da indústria. O segundo é visto com desconfiança.

Nos Estados Unidos, grandes e pequenas lojas tem o hábito de comprar jogos usados em bom estado de conservação e revendê-los após um tempo por um preço reduzido. Todos nós conhecemos o processo: funciona com livros usados, com carros usados, com DVDs usados e até com roupas usadas. Jogadores com poucos recursos e que resistiram à tentação da pirataria, encontram no "saldão de desconto" a oportunidade de colocar em dia o bom e velho hábito.

Mas a indústria quer colocar um fim nessa barganha. Uma vez que as lojas não repassam valor algum desta revenda de volta para as produtoras, alega-se que o "saldão de desconto" estaria prejudicando a venda dos jogos. O vice-presidente da EA Games (o "Império"), Jens Uwe Intat,  se declarou contrário à prática e colocou os donos de loja na parede. Na opinião dele, os lojistas deveriam "perguntar a si mesmos se não estariam matando o próprio mercado ao criar tantos estoques de jogos usados".

Intat deveria se perguntar por que motivo um jogo supostamente top de linha acaba no "saldão" quatro meses depois do lançamento, ao invés de ficar na estante do comprador. Seria um problema de qualidade? Ou a indústria está se tornando descartável?

Nada Mai$ $erá Como Ante$

Como arrancar mais dinheiro capitalizar em cima dos usuários que alugam jogos ou compram títulos usados de uma loja ou até mesmo de um amigo? Mike Capps, presidente da Epic Games, tem a resposta na ponta da língua: conteúdo online exclusivo. Em suas próprias palavras:

"Falei com alguns produtores que dizem ‘Se quiser combater o último boss, tem de acessar o conteúdo online e pagar 20 dólares, mas isto será gratuito se tiver comprado o jogo novo.' Nós não ganhamos dinheiro por jogos alugados e não ganhamos por jogos em segunda mão. Mais de metade dos jogadores que jogaram Gears of War não compraram o jogo novo".

Vinte dólares para conhecer o final de um jogo? Este é o futuro que nos aguarda? Onde será proibido alugar um jogo, ou comprá-lo usado em uma loja e, se comprarmos do amigo, vamos precisar pagar um extra para completar o jogo, supondo que o conteúdo online já não tenha sido tirado do ar? E tudo isso ainda sustentado por propaganda DENTRO do jogo?

Gears of War

Não queria aceitar isso, mas quando os consumidores legítimos continuam sendo tratados como bandidos ou como otários, os piratas ficam a cada dia com mais argumentos a seu favor.

Ouvindo: Rich Ragsdale - Main

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