Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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14 de julho de 2009

Na Rua, Na Chuva, no PS3

Depois de toda minha empolgação com Heavy Rain, eu continuo abandonado como um cachorro sem dono latindo na chuva: o título será exclusivo para Playstation 3 e não adianta ter esperanças. Como o foco do Retina Desgastada está nos jogos para computador, não tem muito sentido continuar dando a cobertura do jogo. Mas o sucessor espiritual de Indigo Prophecy segue inovando e merece atenção nem que seja pelas possibilidades que ele abre na própria indústria dos jogos eletrônicos... Ou isso ou eu já me tornei completamente dependente do meu próprio hype em torno do título.

Heavy Rain Em maio deste ano, o diretor do jogo David Cage concedeu uma esclarecedora entrevista de quase dez minutos ao site 1UP (você conferiu o vídeo acima). Ele explicou vários elementos da jogabilidade de Heavy Rain, ao mesmo tempo que o vídeo alternava cenas do próprio jogo. Aparentemente, Heavy Rain irá acompanhar a história de quatro personagens de alguma forma ligados ao misterioso assassino em série Origami Killer. Cage confirmou que o jogo está preparado para praticamente qualquer ação do jogador, inclusive se ele fracassar em qualquer desafio e deixar um dos personagens morrer: a história irá continuar com os restantes e terá um final diferente do que teria se todos permanecessem vivos. Ele vai mais além e diz que existe até mesmo um final de jogo se todos os personagens morrerem! Em Heavy Rain, o jogador jamais verá uma tela de Game Over. O difícil é imaginar alguma jogador que se conforme com isso e não tente voltar para um save game anterior para impedir a morte de um personagem...

Cage divide os jogos atuais em "brinquedos" que divertem, mas não deixam nenhuma marca no jogador, e jogos sérios, que funcionam como experiências marcantes. Como os títulos anteriores da Quantic Dream, Heavy Rain irá seguir o segundo caminho. Ele vai além e diz que raros são os títulos atuais direcionados para um público amadurecido e que a indústria está perdendo uma fatia significativa do mercado ao se concentrar somente em títulos para crianças e adolescentes. Não posso deixar de concordar com ele, ainda que eu acredite que as duas vertentes de jogos possam e devam conviver pacificamente. E, se a indústria conseguir entender que jogos adultos não são sinônimos de violência exagerada e sexo, eu ficaria grato.

As idéias de Cage já atraíram a atenção de um gigante dos jogos eletrônicos: Hideo Kojima. O criador de Metal Gear Solid e um dos principais expoentes do movimento dos jogos-cabeça se encontrou com Cage para entender como contar uma história sem usar tantas cutscenes. Apesar da série Metal Gear Solid ser um marco no casamento de jogabilidade com enredo intrincado, o último título recebeu algumas (poucas) críticas por trazer cutscenes longas demais. Cage pretende não utilizar nenhuma para contar a trama dos quatro personagens de Heavy Rain: "Eu acredito que o único desafio real é tratar a narrativa de forma diferente, não através de cenas de transição, mas diretamente através da própria jogabilidade. A medida que você joga, você conta a história. E essa é a coisa mais difícil a fazer, mas também a mais interessante". Cage não revela os detalhes de seu encontro com o mestre Kojima

Guillaume de Fondaumiere, CEO da Quantic Dream e, consequentemente, chefe de David Cage, também tem algumas opiniões fortes sobre o mercado. Principalmente contra o sistema de troféus (os famosos achievements) que se tornou uma espécie de febre entre jogadores de consoles (tradução via Meio Bit Games):

"(…) Este não é necessariamente um jogo que esteja conceitualmente de acordo com o objetivo dos troféus.

Repito, ele não tem a ver com ser bem sucedido ou fracassar. Não é sobre fazer algo certo ou errado. Ele é sobre uma jornada. A jornada é o mais importante. Então, de certo modo, eu posso dizer que não premiaremos os jogadores do jeito convencional. A recompensa será a experiência emocional, é quanto a história será boa pela perspectiva do jogador.

Acho que deveria ser feito de outro jeito, os jogadores nos dando troféus (um largo sorriso, por exemplo), ao invés de nós dando os troféus aos jogadores.

A Quantic Dream bate na tecla do jogo-enquanto-experiência e insiste em lançar um título revolucionário em todos os sentidos. Eu apenas espero que eles superem os erros cometidos em Indigo Prophecy, principalmente a bizarra guinada na história perto do final. Se Heavy Rain for um Indigo Prophecy sem falhas, estará destinado a ser o jogo do século. Ou a experiência sensorial do século.

Felizes daqueles que possuem um PS3.

Corroído pela inveja de um jogo que sequer tem data de lançamento confirmada, só me resta assistir mais uma vez ao trailer oficial:

Ouvindo: Wumpscut - Homo Gotikus Industrialis

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